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RELEMBRAR A ARTE DO ANTONIO GUERREIRO NO PEF 2025

 

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"SWINGING RIO" por Bob Wolfenson

A câmera na mão, o braço cheio de pulseiras, as botas com salto, cabelos passando dos ombros, um sotaque carioca forte com um toque diferente na fala- seria uma língua presa? Assim era o pacote de encantamento que o fotógrafo Antônio Guerreiro oferecia a quem estivesse em seu entorno. Esta imagem retive na memória desde os anos 1970, quando eventualmente ele estava em São Paulo e eu era seu ajudante/assistente, nas sessões feitas para as revistas de moda da Editora Abril. Estava, à época, entre os meus 16 e 18 anos, começando minha trilha. Fiquei fascinado por esta figura que passou a ser o modelo de profissional que eu sonhara ser no futuro. Todas as vezes, que eu sabia de sua vinda ao estúdio da Editora, procurava ser convocado para ajudá-lo.   

 

A partir do filme Blow-Up de Antonioni, lançado em 1966, a figura do fotógrafo charmoso, sedutor, rico, poderoso e excêntrico virou paradigmática, e gerações se sucederam buscando atingir o grau de excentricidade do personagem do ator David Hemmings, emergido diretamente da cena do “Swinging London”- movimento que expressou a transformação radical de comportamento acontecida na Inglaterra dos anos 1960,  e que  as décadas seguintes vieram confirmar como um fato  extraordinariamente revolucionário, modificando  para sempre os hábitos e pressupostos morais da sociedade mundial desde então.​

Guerreiro personificava esta figura como nenhum outro, mas havia uma diferença: ao contrário do fotógrafo inglês que era arrogante e taciturno, Antonio era doce, divertido e sua risada ecoava por todos os cantos do estúdio.

Ao longo dos anos, suas aparições em São Paulo se tornaram raras e eu fui me tornando adulto, não podendo mais assisti-lo, mas sempre acompanhando seu trabalhoi que  acontecia, na maioria das vezes, em seu estúdio no Rio que dividia com o lendário fotógrafo norte-americano, David Zingg.

Reza a lenda que havia uma espécie de anfiteatro arquibancada, para que uma plateia o visse em ação. Seus contorcionismos diante das modelos e das personalidades, as objetivas como simulacros fálicos, a música alta, constituíam um espetáculo sensual, transgressor, audacioso e eram expressão máxima do carioquismo vigente à época. As performances/sessões eram, em si, um ato subversivo e resistente ao comportamento conservador insuflado pelos militares durante os anos da ditadura. Uma  versão tropical e exuberante do Swinging London.

No entanto, seu trabalho não se restringia só à esta movimentação. Neste livro, vemos o quanto seu olhar generoso e sua técnica apurada capturaram o espírito de uma época. Ele era figura central na produção de trabalhos editoriais ligados à moda, comportamento e estilo, uma espécie de  árbitro da beleza. Todos e todas queriam ser retratados por ele, e, os que conseguiram figurar  diante de suas lentes, estamparam suas belezas  por sobre toda a opressão vivida naquele momento tenebroso do Brasil.

Nesta coleção de imagens, celebridades (algumas que assim se tornaram pelo fato de terem sido fotografadas por ele), fitam- com seus olhares cúmplices, irônicos, mordazes e suas coreografias corporais distintas - a câmera generosa e humanista de Antônio Guerreiro, que  assim os eternizou, também, nesta tardia, mas justíssima publicação.

E, para além de sua persona pública, deixa um legado cheio de experimentações, crônica de um tempo mítico e já está inscrito no panteão de heróis  da fotografia brasileira.

Figuras como Helio Oiticica, Leila Diniz, Bibi Ferreira, Burle Marx, Elis Regina, Gal Costa, Nelson Rodrigues, Nelson Gonçalves, Maysa, Vinicius De Moraes, Tarso de Castro, Tim Maia, Tom Jobim a turma dos Dzi Croquetes,  para ficar  nestes que já são monumentos, e inúmeros outros  compõem uma espécie de dramaturgia iconográfica "Antoniona". Ela é exaltada, performática, diversa, bela e sobretudo pungente.

Figuras como Helio Oiticica, Leila Diniz, Bibi Ferreira, Burle Marx, Elis Regina, Gal Costa, Nelson Rodrigues, Nelson Gonçalves, Maysa, Vinicius De Moraes, Tarso de Castro, Tim Maia, Tom Jobim a turma dos Dzi Croquetes,  para ficar  nestes que já são monumentos, e inúmeros outros  compõem uma espécie de dramaturgia iconográfica "Antoniona". Ela é exaltada, performática, diversa, bela e sobretudo pungente.                                             

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Neste Link você terá acesso à Exposição: “WOMEN WITHOUT FACE” que foi a 4ª do histórico da Galeria ZOOM de Fotografia de Parsty

https://www.galeriazoomphoto.comhttps://www.galeriazoomphoto.com/galeria-zoom-4a-exposição

ANTONIO GUERREIRO: um dos mais importantes fotógrafos do Brasil. Nascido na Espanha, mudou-se ainda criança para o Rio de Janeiro e consagrou-se no Brasil como grande retratista, ganhando destaque nos anos 60 e 70 com imagens de celebridades nas principais revistas do país. Sob suas lentes passaram os mais relevantes personagens da nossa arte e cultura naqueles anos. Fotografou também o mundo da sociedade e da política e imprimiu em seus retratos um estilo próprio, uma marca do seu olhar refinado e arguto.

Na abertura do 21º PEF, será relançado o livro: "Antonio Guerreiro - Portraits ", na Livraria das Marés. A obra, além de ser objeto de grande valor artístico, também cumpre o papel de registrar, através de belas imagens, a memória cultural brasileira.

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