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BATE-PAPO PEF 2021 Por André Teixeira

BATE-PAPO COM WANIA CORREDO

Como a fotografia surgiu na sua vida, e por que ela virou uma profissão?

      Desde minha infância, as artes estiveram presentes em minha vida por conta de meus pais. Dentro desse mundo artístico, o aspecto que mais me movia, e ainda move, é o visual. Na minha juventude desenhava, pintava e estimava ser uma artista plástica. Mas quando entrei na faculdade meus pensamentos mudaram e decidi me tornar fotógrafa. A fotografia me trouxe a possibilidade de ver e ter contato com todas as realidades do Brasil, e por isso se tornou a minha carreira.

Quais foram seus momentos mais marcantes no fotojornalismo?

       O trabalho "Garimpo da fome" foi um dos momentos mais marcantes e reflexivos da minha carreira. Nele, pude acompanhar e sentir a dor e a tristeza do povo brasileiro por conta da fome. Além dessa passagem, outra bem intensa foi retratada em um período de quase uma década e fez parte da maior parte do meu trabalho no fotojornalismo. A guerrilha urbana no Rio de Janeiro atingiu e ainda atinge toda a camada periférica do Estado, e eu tive a oportunidade de capturá-la em fotografias que marcaram minha carreira.

Você é uma das fundadoras do grupo “Fotógrafas Brasileiras”. Quais são os objetivos do coletivo? Tem quantas integrantes? Cite trabalhos de algumas delas que valha a pena acompanhar.

       O objetivo do projeto fotógrafas brasileiras, com mais de 3.000 integrantes, sempre foi criar um espaço de conexão, apoio e divulgação do trabalho das mulheres ligadas à imagem no Brasil. Cito o trabalho de Elza Lima, no Norte do país; Kitty Paranaguá, no Sudeste; e Jacqueline Joner, no Sul.

A presença feminina no fotojornalismo sempre foi menor do que a dos homens. A que você atribui isso? As mulheres encontram mais barreiras do que os homens?

        A presença feminina no fotojornalismo sempre foi menor do que a dos homens por conta da história secular do machismo na sociedade. Por conta dessa misoginia extrema, até hoje as mulheres, principalmente as que fazem parte de minorias, enfrentam muito mais barreiras do que os homens. Essa situação, infelizmente, ainda está longe de ser resolvida, e só terá fim quando as partes opressoras e machistas da sociedade abrirem suas mentes para a modernidade e abandonarem seus pensamentos ultrapassados.

O fotojornalismo vem passando por grandes mudanças nos últimos anos. O mercado formal encolheu, mas, ao mesmo tempo, o número de profissionais independentes aumentou. Como você vê essa situação? Ficou mais difícil se destacar num mercado tão competitivo?

       Atualmente, estamos passando por mais uma onda de transformação no mercado profissional. Eu vejo isso como uma proposta inovadora que faz com que os fotógrafos precisem se reinventar, ter mais autossuficiência e buscar novas formar de conduzir seu trabalho. A quantidade de mídias e produções de imagens intermináveis dentro das plataformas online só solidificam obras de profissionais completos, isso é, imagens que não se pulverizam em segundos de visualização no Instagram.

Que conselho daria para alguém que está começando na profissão?

         Lute pelo seus sonhos e pelo que acredita.  

Tem conseguido produzir durante a pandemia? Que projetos vem desenvolvendo? Teve que interromper ou adaptar algum trabalho por causa

da  Covid?

       Durante a pandemia produzi muito pouco, porém estou desenvolvendo, pela primeira vez, o meu projeto autoral, "A dor da beleza". A pandemia também fez com que eu interrompesse vários trabalhos profissionais e projetos pessoais, porque optei pelo isolamento.

O tema do Paraty em Foco é “Fotografia Solidária”. Diante disso, o que espera ver na edição deste ano?

        Imagino que o tema "Fotografia Solidária" traga trabalhos voltados ao humanismo, valorizando a empatia em tempos difíceis.

Você será uma das juradas da Convocatória do festival. Qual sua expectativa em relação aos trabalhos que vai julgar?

      Minha expectativa a respeito dos trabalhos que irei julgar no festival é alta. Em tempos tão diferentes e perturbadores, estou esperando obras sensíveis e de grande impacto emocional. Vejo esse processo de pandemia como um grande agente transformador, e por isso, aguardo ver fotografias que abordem o tema de solidariedade do festival.

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